terça-feira, 14 de dezembro de 2010

É preciso reciclar as idéias

Discordo de algumas questões referentes à famigerada pauta sobre a democratização da comunicação. Não por divergir do eixo da idéia, mas pela falta de objetividade que o movimento propõe. O próprio conceito de comunicação é insuficiente e volúvel para definir um movimento que pretende a libertação da informação das amarras da mídia comercial, especuladora e geradora de senso comum.

Atualmente as discussões sobre a democratização da comunicação são norteadas pela idéia de ocupação da grande mídia pelas camadas populares. Não menosprezo a luta pelo controle social, entretanto percebo necessidades básicas que precisam ser atendidas para que num momento posterior possamos conquistar este ideário, que a preço de hoje está estagnado num discurso prolixo e utópico.

Não é possível imaginar a ascensão do povo ao poder (neste caso, à grande mídia), sem que antes haja uma formação qualitativa de quadros que pensem a comunicação e a mídia como ferramentas de auxílio no esclarecimento de questões que dizem respeito à qualidade de vida da população e à condição do indivíduo enquanto sujeito ativo, protagonista e determinador da sua história e realidade.

Quando falo de necessidades básicas me refiro a uma objetividade pragmática que incide na produção da informação a partir da sociedade e a difusão deste conteúdo através das novas mídias. Em linhas gerais, um contraponto ao modelo arcaico que submete a imprensa aos três principais pilares da grande mídia: a autoridade patronal, os interesses comerciais e as barganhas políticas.

A objetividade precisa nortear as ações dos movimentos pela democratização. E acredito que a mudança de termos viria a calhar: democratização da informação. Somente a partir da formação de quadros e a criação de meios de comunicação independentes, plurais e comprometidos com a difusão da informação qualitativa e propositiva é que podemos quebrar a lógica dos atuais dispositivos midiáticos, sugeridos por Foucault e José Ferreira como mecanismos de produção de subjetividade, capazes de definir os rumos da sociedade através da criação de consenso.

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