quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Aquilo que é justo

Há alguns milênios Platão narrou o diálogo entre Sócrates e Protarco, e transcreveu para a história da humanidade alguns rabiscos que se por ventura fossem postos em prática, seriam capazes de modelar sociedades justas e igualitárias.

Em Fileto incidi o conceito de que são as idéias, e não os prazeres, o bem maior do homem, além do senso de justiça (“aquilo que é suficiente”) e a sabedoria. O prazer, segundo Sócrates, deve ocupar o quarto lugar na hierarquia dos bens maiores.

Mas os séculos passaram e Maquiavel apareceu para fortalecer as sociedades européias, contrastando e deixando nítidas as diferenças entre o clero, a monarquia e a plebe, em seus ensaios sobre a constituição e a manutenção do poder. Nesse caso, a justiça era a ordem do rei e a sabedoria um bem castrado pela subserviência.

E aí a contemporaneidade chega com suas revoluções e guerras mundiais, polarizando, partidarizando e readequando a sociedade mundial em um novo ciclo da humanidade. O capitalismo convenceu mais de 90% do planeta a travar uma cruzada em busca de lucro e poder, e implantou o ideário consumista, as bolsas de valores e o livre comércio.

Contúdo, há momentos em que o sistema se afoga dentro da própria ambição. O aumento tarifário atrevidamente desproporcional a média dos últimos anos, somado a exclusão proposital das vozes divergentes no processo de votação do reajuste da tarifa, foram atitudes que extrapolaram os limites tolerados por uma população até então subserviente.

O muro que abrigava de um lado o lucro inescrupuloso do oligopólio do transporte público, e do outro uma população subserviente e apática, tende a não passar de uma linha tênue nos próximos dias. Assim espero.

A luta é por direitos.
Queremos o que é justo.



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