sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Reflexão sobre arte e cultura


Pedro Santos
Especial para A União

O clima aprazível e a simpatia da serra brejeira, onde está localizada Areia, compõem o cenário que recebe de 14 a 18 de setembro o 12º Festival de Artes de Areia. Se o charme natural da cidade é uma generosidade a parte, a riqueza da arquitetura colonial completa a acolhedora paisagem.

Em 2011 o Festival completa 35 anos e traz na memória a importância de ter sido palco de grandes debates sobre política, cultura e arte. Desde 1976 passaram por ele grandes nomes como Ferreira Gullar, João Ubaldo Ribeiro, Ziraldo, Jorge Amado, Raul Córdula e Dias Gomes.

No decorrer da história o Festival de Artes de Areia enfrentou alguns percalços. Em 1982, período de crise do regime militar, foi interrompido por se caracterizar como importante espaço de aglutinação política de correntes progressistas. Posteriormente, com o declínio do regime autoritário e a ascensão do Estado democrático, o festival sofreu com a descontinuidade, sendo retomado apenas 1998. O resultado da ausência de linearidade reflete hoje na discrepância entre a sua idade e o número de edições.

O desafio de reativar o Festival e alçá-lo novamente ao cenário cultural do Nordeste está a cargo da recém-criada Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Para garantir uma programação artística que represente a produção cultural da Paraíba, a jovem equipe da Secult se debruçou no trabalho de pesquisa e produção. Além do campo artístico, há também um olhar especial lançado aos debates promovidos pelo festival, com a participação de teóricos, artistas e intelectuais paraibanos.

O secretário da Cultura, Chico César, explica que a intenção de compor uma programação inteiramente paraibana é justificada no desejo de reconhecer a produção local. “O Festival volta-se para o umbigo do Estado não com o objetivo de fechar-se em si, mas de efetivamente conhecer-se, oportunizando mostrar o que é que a Paraíba tem”. Para ele, durante os cinco dias o público será convidado a debater as interfaces da cultura paraibana, o conceito de ‘paraibanidade’ e a busca pela afirmação da auto-estima do povo da Paraíba.

Ao todo estão programadas 70 atividades ligadas às áreas de música, dança, audiovisual, teatro, circo, literatura, artes plásticas e arte popular. Para garantir o acesso dos moradores de Areia aos espaços do festival e possibilitar aos visitantes a oportunidade de conhecer a cidade, a produção distribuiu as atividades em dez espaços espalhados pelo município.

Com a descentralização dos espaços o participante poderá, por exemplo, participar pela manhã da oficina de Clown, com o ator Luis Carlos Vasconcelos, no circo montado na cidade; durante a tarde acompanhar um debate com a atriz Mayana Neiva, no Colégio Santa Rita; e a noite conferir a apresentação do Quinteto da Paraíba, na Igreja do Rosário. Dentro da programação estão previstas as participações de Cátia de França, Zé Ramalho, Caiana dos Crioulos, Ariano Suassuna, Reisado de Zabelê, Jessier Quirino, Grupo Bigorna, Fernanda Cabral, Companhia Lunay, Genival Lacerda, Tribo Ethnos e Palhaço Chuchu.

Além compor uma programação exclusivamente paraibana, este ano o Festival de Artes de Areia presta homenagem a sete artistas da Paraíba. A decisão do Governo pretende reverenciar os artistas que contribuem com o desenvolvimento da cultura paraibana em diferentes áreas. Serão homenageados o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, na literatura; o palhaço Major Palito, no circo; o bailarino e coreógrafo José Enoch, na dança; o cantor e compositor Genival Lacerda, na música; o ator e diretor Fernando Teixeira, no teatro; o artista plástico Hermano José, nas artes plásticas; e a cineasta Vânia Perazzo, no cinema.

A realização do Festival de Artes de Areia segue as políticas adotadas pela Secult que visam descentralizar as ações governamentais e democratizar o acesso às artes e aos bens culturais da Paraíba. A programação completa do Festival será lançada no início de setembro, período em que também está previsto o lançado o site do evento.

Matéria publicada no jornal A União, em 21 de agosto de 2011.
Veja em: http://issuu.com/auniao/docs/jornal_em_pdf_21-08-11/17

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